domingo, 7 de dezembro de 2014

O Templário, 4-12-2014

A paciência dos pacientes

Enquanto não é passada pelo governo a certidão de óbito ao Serviço Nacional de Saúde, os pacientes vão recebendo, a par de taxas moderadoras com prazo impreterível de pagamento e outros mimos associados aos cortes nas despesas com vacinas e medicamentos, uma autêntica bofetada na cara, não com luva branca, mas sob a forma de uma folha de papel A4, branco também.
Eu explico: Estava eu a inscrever-me para uma simples consulta, daquelas  que podem ser a diferença entre a vida e... algum desconforto, e chega-me à mão um folheto que, atenção, “é exclusivamente informativo e não implica qualquer pagamento” – uf, que alívio! – informando-me gentilmente da intenção de dar a conhecer aos utentes “a despesa com os cuidados de saúde disponibilizados pelo Serviço Nacional de Saúde”.
Fiquei assim a saber que as Altas Entidades que com o governo da Nação garantem “uma saúde pública e tendencialmente gratuita” neste nosso Portugal, são-me credoras de um valor acumulado de 31,00 euros, no ambulatório do hospital onde era atendido!
E eu a pensar que este mesmo governo que assim declara a sua generosidade para me proteger, era antes meu alto devedor, isto atendendo às múltiplas diabruras com que me tem assaltado o bolso, bem mais – e de que maneira!... – do que os mencionados 31 euros!
Já não basta sermos explorados até ao tutano em nome da boa saúde – esta tendencialmente bastante despendiosa – da banca privada e dos seus donos, que metem ao bolso quanto podem para depois o depositarem em paraísos fiscais ou no bolso dos amigalhaços e dos amigalhaços dos amigalhaços...
Já não basta o discurso da treta desta gente que jurou cumprir fielmente as funções que lhe foram  confiadas e ainda se gaba hipocritamente de melhorias absurdamente fantasiosas na saúde económica e social desta nossa Pátria tão traída, destes nossos concidadãos tão sacrificados!
Enquanto vão sendo vendidas em saldo as últimas jóias da República, por enquanto ainda independente. Diz-se.
Carlos Rodarte Veloso