O Templário, 4-12-2014
A paciência dos pacientes
Enquanto
não é passada pelo governo a certidão de óbito ao Serviço Nacional de Saúde, os
pacientes vão recebendo, a par de taxas moderadoras com prazo impreterível de
pagamento e outros mimos associados aos cortes nas despesas com vacinas e
medicamentos, uma autêntica bofetada na cara, não com luva branca, mas sob a
forma de uma folha de papel A4, branco também.
Eu
explico: Estava eu a inscrever-me para uma simples consulta, daquelas que podem ser a diferença entre a vida e...
algum desconforto, e chega-me à mão um folheto que, atenção, “é exclusivamente
informativo e não implica qualquer pagamento” – uf, que alívio! – informando-me
gentilmente da intenção de dar a conhecer aos utentes “a despesa com os
cuidados de saúde disponibilizados pelo Serviço Nacional de Saúde”.
Fiquei
assim a saber que as Altas Entidades que com o governo da Nação garantem “uma
saúde pública e tendencialmente gratuita” neste nosso Portugal, são-me credoras
de um valor acumulado de 31,00 euros, no ambulatório do hospital onde era
atendido!
E
eu a pensar que este mesmo governo que assim declara a sua generosidade para me
proteger, era antes meu alto devedor, isto atendendo às múltiplas diabruras com
que me tem assaltado o bolso, bem mais – e de que maneira!... – do que os
mencionados 31 euros!
Já
não basta sermos explorados até ao tutano em nome da boa saúde – esta
tendencialmente bastante despendiosa – da banca privada e dos seus donos, que
metem ao bolso quanto podem para depois o depositarem em paraísos fiscais ou no
bolso dos amigalhaços e dos amigalhaços dos amigalhaços...
Já
não basta o discurso da treta desta gente que jurou cumprir fielmente as
funções que lhe foram confiadas e ainda se
gaba hipocritamente de melhorias absurdamente fantasiosas na saúde económica e
social desta nossa Pátria tão traída, destes nossos concidadãos tão
sacrificados!
Enquanto
vão sendo vendidas em saldo as últimas jóias da República, por enquanto ainda
independente. Diz-se.
Carlos Rodarte Veloso