Depois da maratona estado-unidense dos últimos dias, festeja-se – leia-se: a maior parte do mundo festeja! – a derrota de Trump e a eleição de Joe Biden e de Kamala Harris para a presidência dos EUA.
A intrincada teia da Constituição norte americana, cuja contagem de votos acaba por beneficiar os candidatos minoritários, leva à aberração de os menos votados conseguirem – como aconteceu nas eleições que deram a vitória a Trump – superar os milhões de votos de vantagem da sua concorrente directa, dando uma estranha imagem do conceito de Democracia naquelas terras que se consideram o seu berço.
Nas actuais eleições repetia-se o mesmo ciclo vicioso, e as estranhíssimas alegações de Trump de lhe roubarem a sua “folgada vitória” – que é coisa nenhuma – através de alegada fraude obtida pelos Democratas nos votos pelo correio, conduziram à sua inacreditável atitude de bombardear os tribunais com essa espantosa acusação…
Espantosa, mas levada a cabo por um batalhão de advogados, tentando bloquear a contagem dos votos e assim ilegalizar, Estado a Estado, as contagens mais que vitoriosas dos Democratas.
O grande problema a que esta atitude conduziu foi a aparente recusa de Trump de entregar o poder – pelo menos parece ser essa a sua estratégia – e a ameaça estribada numa sinistra milícia, a QAnon, muito semelhante às SA e SS de Hitler ou as outras tropas de choque dos fascismos do século passado, armada até aos dentes, ameaçadora da ordem naquele país e, até, apontada como possível organizadora duma – nova – guerra civil!
É próprio filho do candidato derrotado que se apresenta como o possível dirigente daquele bando de autênticos energúmenos.
A alegação de fraude esgrimida contra Biden é claramente falsa, dado ser uma tese sem qualquer prova material, que as próprias redes sociais têm denunciado, chegando a bloquear as declarações de Trump, declaradamente difamatórias.
A verdadeira tentativa de fraude é dele próprio, o mais mentiroso e descarado dos políticos deste século.
No meio dos naturalíssimos festejos que celebram o fim de uma amarga experiência política que pôs os States e o Mundo de pernas para o ar, associada ao triunfo da morte trazido pelo Coronavírus, aliás criminosamente negligenciado pela administração de Trump, fica a ameaça, esperemos que inconsistente, de um conflito em que, venhamos a ver a Casa Branca cercada pelo exército do QAnon, disposto a manter no poder um criminoso colado ao poder, que fez escola em inúmeros países.
Esperemos que triunfe o bom senso e o Mundo tenha um momento de – muito relativa – paz.
Apesar da pandemia e dos mil problemas que agora enfrenta!