O famoso referendo grego não passou, afinal, de um acto de chantagem desesperado do falecido governo de Atenas. Nem nunca pensaram, de facto, em levá-lo avante. E, no entanto, governos e partidos, tremeram com a simples ideia de um povo poder manifestar soberanamente a sua vontade!
Parece que não há vontade popular que possa alterar os desígnios da gente que governa a nossa velha Europa! Serventuários de poderes apenas divisados na pontas de icebergue das declarações das agências de rating ou da agitação dos todo-poderosos mercados, não são pessoas recomendáveis, com quem gostássemos que os nossos filhos convivessem.
Resta-nos, então, utilizar os direitos que ainda não nos foram retirados, ao menos o da livre expressão do pensamento e o de manifestação, com a certeza de que estes, só por si, serão insuficientes para alterar o rumo das coisas. E o da greve também, quanto mais não seja por uma questão de dignidade. E a dignidade poderá ser a nossa última barricada.
Assim, a questão que nos devemos pôr, é terrivelmente simples: existirá ainda Democracia nesta parte do mundo que habitamos? As lutas que travámos no passado recente contra os fascismos e todos os totalitarismos, apenas substituíram monstros que julgávamos enterrados para sempre, por outros monstros, de mais fino trato apenas, mas armados com as mesmas armas, ferozes da mesma maneira?
Não é uma pergunta académica. É a constatação de que nos encontramos num momento que poderá ser crucial para o futuro da humanidade. Ele depende da atitude colectiva de uma sociedade global
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