GENOCÍDIO EM TERRAS DE VERA CRUZ
Carlos Rodarte Veloso
"O Templário”, 17 de Janeiro de 2019
A eleição de Jair Bolsonaro como Presidente do Brasil correspondeu, como o próprio discurso do candidato deixava adivinhar sem quaisquer subtilezas, a um extraordinário retrocesso dos direitos civis do povo brasileiro.
Desde os direitos laborais, à assistência médica e social, à liberdade de ensino, à Ciência, aos direitos das mulheres, das minorias sexuais, religiosas e étnicas e ainda à protecção do ambiente, tudo quanto tem sido a marca do progresso em países medianamente desenvolvidos e de ideologia democrática, tem sido sucessivamente enfraquecido ou aniquilado, desde o autêntico golpe de estado que depôs Dilma Rousseff e deu o poder a um reconhecido corrupto, Michel Temer, que, espantosamente, se serviu do argumento da corrupção para abalar a credibilidade da Presidente eleita, nem por isso alvo de acusações de gravidade significativa.
A cumplicidade de um poder judiciário corrupto ao mais alto nível diabolizou a acção política de Dilma e abriu caminho à prisão do ex-presidente Lula da Silva, assim impedido de concorrer às eleições presidenciais para o que era o candidato mais popular apesar da gigantesca campanha de difamação, em boa parte por comprovar, que lhe foi movida pela direita.
Sem adversário à altura de Lula da Silva, um inacreditavelmente inculto e reacionário deputado federal, Bolsonaro, especialmente apoiado pelas igrejas evangélicas conduziu uma campanha inflacionada de “fake news” em boa parte alimentados por “redes sociais” de origens mais do que duvidosas, semelhantes às que no resto do mundo têm conduzido à subida da votação em partidos e movimentos populistas de tendência fascista.
Independentemente de tudo isso, um factor existe, especialmente chocante, a perseguição contra a minoria étnica constituída pelos sobreviventes dos povos nativos do Brasil, através da sua confinação a reservas que se tornam mais e mais reduzidas, à medida que o espaço florestal e selvagem é usurpado pela exploração agrícola e industrial, tendo em conta única e simplesmente o lucro capitalista incorporado na sua exploração por autênticos invasores: os madeireiros, as explorações mineiras, os ruralistas, deslocações de massas que invadem as terras nativas, terras essas que constituem agora a mais importante barreira contra a deterioração definitiva e irremediável do ambiente terrestre. Acima de tudo, a violência contra os seus legítimos ocupantes, violência vezes de mais conducente ao homicídio.
Entre 2016 e 2017, segundo estatísticas do Conselho Indigenista e Missionário, morreram 228 indígenas o que indicia 9,5 assassínios mensais! Ataques frequentes às comunidades indígenas foram registados depois da vitória de Bolsonaro pelas autoridades locais e pela FUNAI (Fundação Nacional do Índio). Um líder índio foi mesmo assassinado a tiro na praça pública da cidade de Amarante do Maranhão, comunidades indígenas foram atacadas, acampamentos incendiados, índios gravemente feridos, pelo menos uma escola comunitária destruída, e medo, muito medo… Missionários que foram testemunhas da violência pedem que os seus nomes não sejam divulgados por uma questão de segurança pessoal!
A agressividade dos invasores dessas terras que, até pelo potencial de protecção do ambiente que representam, deveriam ser poupadas à exploração capitalista, está armada com armas de fogo e surge agora desenfreada pelas “costas quentes” que o novo Presidente da República lhes proporciona com a promessa de legalização de todo o tipo de armamento, a exemplo do que acontece com o seu modelo estado-unidense, Donald Trump.
Tornou-se agora frequente o recurso a balas de borracha e até munições reais, e tornaram-se lancinantes os apelos das comunidades indígenas à solidariedade internacional, dado o carácter de verdadeiro genocídio que caracteriza os ataque constantes, até com o beneplácito das autoridades brasileiras.
Entretanto, Bolsonaro, que não deixou dúvidas quanto aos seus propósitos, prometeu acabar com a demarcação de reservas, aquilo a que chamou “activismo ambiental xiita”, transformando as vítimas em algozes e lançando petróleo sobre as chamas para “apagar o fogo”….
Estaremos então retornados ao genocídio dos índios norte-americanos, agora na América do Sul? Ou a um novo Holocausto, como o que assombrou o século XX? Cabe-nos combater estas macabras heranças que pareciam definitivamente enterradas no lixo da História. E não pactuar com figuras como o hediondo presidente do Brasil. Não confraternizar, nem trazê-lo para o nosso seio, embalando-o numa simpatia diplomática, leia-se, perfeitamente ilusória. Não podemos dar força a uma figura repugnante como Bolsonaro, um assumido fascista, desavergonhado defensor do criminoso regime militar que governou o Brasil de 1964 e 1985, e declarado candidato ao genocídio dos nativos brasileiros!
Desde os direitos laborais, à assistência médica e social, à liberdade de ensino, à Ciência, aos direitos das mulheres, das minorias sexuais, religiosas e étnicas e ainda à protecção do ambiente, tudo quanto tem sido a marca do progresso em países medianamente desenvolvidos e de ideologia democrática, tem sido sucessivamente enfraquecido ou aniquilado, desde o autêntico golpe de estado que depôs Dilma Rousseff e deu o poder a um reconhecido corrupto, Michel Temer, que, espantosamente, se serviu do argumento da corrupção para abalar a credibilidade da Presidente eleita, nem por isso alvo de acusações de gravidade significativa.
A cumplicidade de um poder judiciário corrupto ao mais alto nível diabolizou a acção política de Dilma e abriu caminho à prisão do ex-presidente Lula da Silva, assim impedido de concorrer às eleições presidenciais para o que era o candidato mais popular apesar da gigantesca campanha de difamação, em boa parte por comprovar, que lhe foi movida pela direita.
Sem adversário à altura de Lula da Silva, um inacreditavelmente inculto e reacionário deputado federal, Bolsonaro, especialmente apoiado pelas igrejas evangélicas conduziu uma campanha inflacionada de “fake news” em boa parte alimentados por “redes sociais” de origens mais do que duvidosas, semelhantes às que no resto do mundo têm conduzido à subida da votação em partidos e movimentos populistas de tendência fascista.
Independentemente de tudo isso, um factor existe, especialmente chocante, a perseguição contra a minoria étnica constituída pelos sobreviventes dos povos nativos do Brasil, através da sua confinação a reservas que se tornam mais e mais reduzidas, à medida que o espaço florestal e selvagem é usurpado pela exploração agrícola e industrial, tendo em conta única e simplesmente o lucro capitalista incorporado na sua exploração por autênticos invasores: os madeireiros, as explorações mineiras, os ruralistas, deslocações de massas que invadem as terras nativas, terras essas que constituem agora a mais importante barreira contra a deterioração definitiva e irremediável do ambiente terrestre. Acima de tudo, a violência contra os seus legítimos ocupantes, violência vezes de mais conducente ao homicídio.
Entre 2016 e 2017, segundo estatísticas do Conselho Indigenista e Missionário, morreram 228 indígenas o que indicia 9,5 assassínios mensais! Ataques frequentes às comunidades indígenas foram registados depois da vitória de Bolsonaro pelas autoridades locais e pela FUNAI (Fundação Nacional do Índio). Um líder índio foi mesmo assassinado a tiro na praça pública da cidade de Amarante do Maranhão, comunidades indígenas foram atacadas, acampamentos incendiados, índios gravemente feridos, pelo menos uma escola comunitária destruída, e medo, muito medo… Missionários que foram testemunhas da violência pedem que os seus nomes não sejam divulgados por uma questão de segurança pessoal!
A agressividade dos invasores dessas terras que, até pelo potencial de protecção do ambiente que representam, deveriam ser poupadas à exploração capitalista, está armada com armas de fogo e surge agora desenfreada pelas “costas quentes” que o novo Presidente da República lhes proporciona com a promessa de legalização de todo o tipo de armamento, a exemplo do que acontece com o seu modelo estado-unidense, Donald Trump.
Tornou-se agora frequente o recurso a balas de borracha e até munições reais, e tornaram-se lancinantes os apelos das comunidades indígenas à solidariedade internacional, dado o carácter de verdadeiro genocídio que caracteriza os ataque constantes, até com o beneplácito das autoridades brasileiras.
Entretanto, Bolsonaro, que não deixou dúvidas quanto aos seus propósitos, prometeu acabar com a demarcação de reservas, aquilo a que chamou “activismo ambiental xiita”, transformando as vítimas em algozes e lançando petróleo sobre as chamas para “apagar o fogo”….
Estaremos então retornados ao genocídio dos índios norte-americanos, agora na América do Sul? Ou a um novo Holocausto, como o que assombrou o século XX? Cabe-nos combater estas macabras heranças que pareciam definitivamente enterradas no lixo da História. E não pactuar com figuras como o hediondo presidente do Brasil. Não confraternizar, nem trazê-lo para o nosso seio, embalando-o numa simpatia diplomática, leia-se, perfeitamente ilusória. Não podemos dar força a uma figura repugnante como Bolsonaro, um assumido fascista, desavergonhado defensor do criminoso regime militar que governou o Brasil de 1964 e 1985, e declarado candidato ao genocídio dos nativos brasileiros!