VOLTAMOS À GRIPEZINHA?
Carlos Rodarte Veloso
“O Templário”, 4 de Junho de 2020
Parece
que para um número inesperado de iluminados e face ao êxito, aliás reconhecido
internacionalmente, da contenção do coronavírus em Portugal – até apesar do
irresponsável relaxamento das medidas de confinamento por parte de muitos
utentes do espaço público – surgiu o segundo momento de combate político da
direita contra o governo…
Primeiro,
as medidas tomadas tinham sido “tardias”, os erros e carências eram mais que
muitas, e a crítica era apontada a alegados erros sucessivos do governo na
gestão da pandemia, o mesmo governo que acabou por controlar em termos
suportáveis a cavalgada mortífera, ao mesmo tempo que reformava o próprio
espaço antes tão criticado do Serviço Nacional de Saúde e o reinventava,
criando condições para uma nova eficácia.
Entretanto,
em países bem identificados quanto à interpretação surrealista que os seus
dirigentes faziam da pandemia, desde a “gripezinha” de Bolsonaro, à deriva mental
de Trump e às suas “opiniões” tweetadas sem um pingo de suporte científico ou
de vergonha, chegando a aconselhar a desinfecção humana com lixívia (!), às
mortíferas hesitações de Boris Johnson, apenas superadas a partir da sua
própria e pessoal infecção pelo vírus. Só nesse momento pareceu encarar a
realidade, mas à custa de quantas vidas já perdidas!
Até
então, a extrema-direita ressabiada com os êxitos das medidas sanitárias
impostas pela Direcção Geral de Saúde, tentava a todo o custo encontrar argumentos
com que demonstrar a “incompetência” do governo na luta contra a pandemia, mas
sem pôr em causa a sua perigosidade.
Agora
saem inesperadamente da sombra uma série de “especialistas” que assinam artigos
nos media mais reaccionários e criticam o governo por ter tomado medidas, nãos
apenas desnecessárias, mas lesivas da economia e da qualidade de vida dos
portugueses, ao enfrentar a pandemia nos termos em que o fez!
Preso
por ter cão e preso por não o ter!
Claro
que a direita que se manifesta ruidosamente nas redes sociais e na imprensa
diversifica as suas opiniões, desde os programas de televisão mais “soft”, como
o “Sexta às Nove” da RTP 1, em que a “isenta” Sandra Felgueiras faz um
“jornalismo de investigação” sem lugar para o contraditório, aos jornais de
direita assumida que entram agora na deriva negacionista do vírus, que
acabaremos por considerar ao nível da tal “gripezinha” tão acarinhada por
Bolsonaro, o “dirigente” mais estúpido, ignorante e assumidamente fascista
deste mundo!
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