Foi este o mote da 1ª Guerra Mundial, "a guerra para acabar com todas as guerras", e nunca uma esperança humana se viu mais desiludida... Guerra, guerra, com as suas frentes, trincheiras, emboscadas, máquinas destruidoras, inúmeras baixas, destruições, dominou longamente o longo século XX.
A união da Europa numa comunidade solidária era o maior dos sonhos, e o final da 2ª Guerra Mundial parecia abrir a porta à sua concretização. E no meio de mais guerras, lutas nacionais e revoluções, os velhos inimigos faziam as pazes e o sonho de uma Europa unida parecia ao alcance da mão.
Mas havia uma outra guerra - no fundo, era a mesma guerra, mas mais "discreta" - que decorria nos bastidores das pátrias agora dispostas ao entendimento: era o domínio crescente dos grupos que sempre tinham manipulado gente e princípios. De vez em quando, sobressaía um nome, uma figura, iluminada pelos clarões dos media, mas logo se escondia. O verdadeiro poder é o que fica na sombra. Os Estados, na medida em que representavam - ou diziam representar - os interesses nacionais, eram elementos a abater ou, na melhor das hipóteses, a ser reduzidos à expressão mais simples.
O Liberalismo económico, chumbado na Crise de 1929, ressurgiu nos anos 80, a bradar a impossibilidade do Estado Previdência e o futuro colapso das suas instituições. E, como a memória humana é curta - o conhecimento da História é, porventura a sua única vacina - lá regressaram as estafadas fórmulas de condenação do papel social do Estado e de exaltação da iniciativa privada como único remédio para todos os problemas.
Pois... Mas a verdadeira guerra era outra, que Marx já identificara no século XIX. A guerra entre os que tudo possuem e aqueles que os engordam e, numa atitude de masoquismo inacreditável, os perpetuam também nos órgãos do Poder: a Luta de Classes. É que não vale as pena dourar a pílula: o velho Marx estava coberto de razão, por muito que custe a quem desde sempre o tentou enterrar sob a poeira do tempo. E os seus maus seguidores não são razão para o abandonarmos. Sempre os grandes reformadores foram traídos pelos seus seguidores. Veja-se o caso de Cristo!
É o que hoje vemos, aqui, neste Portugal inesperadamente pobre, numa Europa no mesmo caminho. É que a velha Europa faz muita sombra a poderes sem rosto, que se arrepiam perante um continente unido e uma moeda única que fez tremer o dólar. Há quem aponte ao euro a responsabilidade pela Guerra do Iraque, pois Sadam dava preferência à moeda europeia sobre o todo-poderoso dólar.
E essa guerra, menos espectacular porque oculta, começa agora a evidenciar a sua face medonha, indiferente aos valores que enriqueceram durante séculos a civilização ocidental: a Democracia, a Solidariedade, a Cultura.
Mais cedo ou mais tarde, todas as pessoas que ainda reivindicam o estatuto de Seres Humanos, terão que encontrar um caminho, fora das fórmulas consagradas. E será uma Guerra. A verdadeira Guerra para acabar com todas as Guerras.
Texto espetacular!
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