Cobardia
Publicado em O Templário, 12 Fevereiro, 2015
As andanças do governo grego por terras da
Europa em busca de acordos que libertem o seu país da condenação a que os donos
da “União” o votaram, desvenda o rosto hediondo da ganância e do imperialismo
pangermânicos e – maior nojo! – dos seus lacaios, também marcados pelo ferrete
do endividamento e que, com a rasteira adulação dos seus senhores, procuram a
todo o custo agradar-lhes e, assim, cair-lhes nas boas graças.
É difícil encontrar alguma coisa
mais nojenta do que a competição dos pobres para agradar a um rico à custa de
outro pobre. E, no entanto, é exactamente isso que se passa, quando vemos
palavrosos Coelhos e seus ministros a tirarem da cartola os salamaleques da sua
cobardia, assim os oferecendo aos caçadores que, de arma em punho, os ameaçam
nas respectivas tocas, enquanto não menos ameaçados vizinhos os provocam com
cínicas ofertas de... gravatas de seda, decerto para os asfixiar, ou com nobres
conselhos, a coisa mais barata que existe, principalmente quando se limitam a
repetir até à náusea, as recomendações dos seus donos e senhores.
Na verdade, cada vez mais submetidos
aos ditames dos mercados, sagrada palavra que representa a máxima divindade do
nosso tempo, os míopes governantes desta Europa que tão promissora era, pensam
apenas em preservar a hegemonia das potências preponderantes, ignorando que a
principal dessas mesmas potências sobreviveu e prosperou precisamente à custa
de um resgate concedido pelos países e povos que antes tinha barbaramente
destruído, ainda por cima com o perdão de grande parte da dívida e de todos os
juros!
Esses comportamentos só podem
contribuir para enfraquecer a tão desejada União Europeia e, muito
provavelmente, lançar nos braços de outras potências concorrentes mas nem por
isso mais democráticas, essa Hélade que deu à luz esta mesma Europa e o regime
que, mesmo com os seus enormes defeitos, ainda é o farol da esperança da
humanidade: a Democracia.
Por isso, eu tenho um sonho: que
apesar do desmedido calculismo dos agentes das principais potências europeias, dos
egoísmos nacionais, da sua arrogância, da própria estupidez, sejam encontradas
as pontes que reconheçam o direito da Grécia e das velhas nações europeias à
autodeterminação. Uma coisa tão simples!
Carlos Rodarte Veloso
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