Se isto é um Presidente
Publicado n’O Templário de 29 de
Outubro de 2015
O ainda Presidente da República manifestou mais uma vez a sua
desonestidade política e a sua irresponsabilidade ao abandonar assumidamente
uma postura de isenção em que, aliás, nunca foi muito convincente. Tem agora a
pesada responsabilidade de promover selvaticamente a tal instabilidade que
assacava à Esquerda, ao segregá-la para uma espécie de limbo, não lhe reconhecendo
sequer a maioridade cívica que ela assumiu por inteiro quando, em 1974, contribuiu
decisivamente para a queda do Estado Novo.
O pior é que as acções inconsideradas que começou a tomar podem conduzir
Portugal a um perigoso “pântano” político que poderá relançar a crise que os
seus apoiantes se gabam de ter debelado, o que bem sabemos tratar-se de pura
ficção.
Talvez fosse bom fazê-lo compreender
que o actual sistema político, que ele diz servir, a Democracia, não foi
implantado pelos poderosos deste país, mas pela convergência de todas as forças
progressistas, dentro e fora das Forças Armadas, que ansiavam por uma aurora de
Liberdade para Portugal.
Mas não: Desde que cumpra a sua "parte", isto é, que agrade
aos seus cúmplices - nacionais e estrangeiros - nem se importa de atiçar os
sagrados mercados contra o seu próprio país! Ainda não percebeu - e nunca
perceberá... - que os interesses da pandilha que chefiou em tempos, e agora o
chefia a ele, colidem frontalmente com a missão que jurou cumprir, a de servir
Portugal e os Portugueses. Esses Portugueses que num passado hoje cada vez mais
remoto, o elegeram, convencidos de estarem perante uma pessoa de bem, mas que
agora insulta, quando o seu voto maioritário aponta para soluções fora daquilo
que insiste teimosamente em considerar o “arco da governação”.
Já tantos o disseram, mas nunca é demais
repetí-lo: não há portugueses de “primeira” e portugueses de “segunda”! Todos
os votos têm exactamente o mesmo valor, desde que não digam respeito a cidadãos
falecidos, e bem sabemos como num passado de há mais de 40 anos esse “milagre” se
concretizava em “maiorias absolutas” apoiadas em “manifestações expontâneas”,
assalto a instituições do “Reviralho” e outras festividades afins.
Mas Cavaco e Silva não quer perceber. Diz o
povo que “burro velho não aprende línguas” mas longe de mim fazer comparações desagradáveis
para com este triste símbolo da velha nação portuguesa!
É pena
não dispormos, tanto quanto sei, da figura do "impeachment" na nossa
Constituição. Penso que se aplicava como uma luva ao comportamento
anti-democrático agora manifestado e à arrogância insuportável que se tornou a
imagem de marca de um Presidente que nem sequer assume ou respeita minimamente
a República que diz representar.
Na verdade, desde o corta-fitas Américo Tomás que não tinha tanta vergonha de um Presidente de Portugal. E esse era assumida e oficialmente fascista...
Na verdade, desde o corta-fitas Américo Tomás que não tinha tanta vergonha de um Presidente de Portugal. E esse era assumida e oficialmente fascista...
Carlos Rodarte Veloso
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