VOLTAMOS À BOMBA ATÓMICA?
Carlos Rodarte Veloso
"O Templário, 18 de Julho de 2019
A eleição de Donald
Trump foi e é motivo de grande preocupação no mundo inteiro, dadas a sua instabilidade e agressividade, para não falar dos inúmeros defeitos que nele
transparecem, mormente as suas mentiras obsessivas, o seu racismo, machismo,
xenofobia, total ausência de escrúpulos e confrangedora ignorância em todos os
capítulos, sendo a defesa do ambiente e as alterações climáticas o mais
importante, visto delas depender na própria vida na Terra.
A sua eleição e o
apoio de que ainda goza no seu país, reside numa população rural, do interior, tradicionalmente
reacionária a todo o progresso e maioritariamente isolacionista. O seu retrato
mais expressivo pode ser encontrado no famoso quadro de Grant Wood, “Gótico
Americano”, cuja personagem principal, um “redneck”, armado com um agressivo tridente,
não por acaso a arma do Demónio, estranha nas mãos de um alegado cristão
fundamentalista, assim se equiparando aos fundamentalistas islâmicos…
Empresário alegadamente
de sucesso, a sua reconhecida ganância transvasa do seu governo, e acaba por
agredir qualquer país que ouse sair da mediania e não lhe renda vassalagem.
De facto, o
actual presidente dos EUA, se não fosse o relativo travão exercido pelo Congresso
e pela oposição Democrata, já teria provavelmente declarado guerra a um de
vários países que ele considera inimigos preferenciais a quem atribui, sem
quaisquer provas, a posse de armas de destruição maciça.
Não é o caso da
Coreia do Norte, inicialmente considerada especialmente perigosa, dado possuir
mísseis balísticos com crescente raio de acção e armados com ogivas nucleares,
mas a estranha diplomacia de Washington acabou por “fazer as pazes” com o
ditador do país, na mira de este se tornar, no futuro e com o desejado fim da
sua ditadura – mas não da de Trump – uma enorme fonte de rendimento.
No entanto, a
instabilidade de Trump revela altos e baixos na sua relação com outros países,
esses verdadeiramente poderosos a todos os níveis e que agem como competidores
dos Estados Unidos, caso, entre outros, da China e da Rússia.
Apesar das suas
farroncas, o agressivo ocupante da Casa Branca não se mete com esses gigantes,
em parte por cobardia, em parte decerto pelo conselho dos seus cada vez mais
reduzidos apoiantes, que têm evitado uma escalada de agressões, por enquanto
“apenas” económicas, mas com um horizonte incendiado pelo perigo de uma guerra
global.
O seu ódio, hipocritamente
disfarçado de boa vontade, faz uma “simpática” excepção em relação à União Europeia,
que o seu porta-voz oficioso, caixeiro-viajante
da intriga, Steve Bannon, tenta minar de todas as formas, incrementando a
criação ou o reforço de partidos populistas de tendência fascista e a sua
vitória eleitoral, enfraquecedora dos objectivos primordiais da mesma, ou seja,
o incremento em todos os estados membros, da ideologia democrática. O Brexit,
por exemplo, nitidamente incrementado pelo mesmo agente, afastou assim da
unidade europeia, um dos seus mais poderosos membros. “Dividir para reinar” é
mesmo o primeiro dos seus objectivos.
No entanto os
seus alvos preferenciais são estados militarmente emergentes ou em crise
interna, que, apesar da sua inferioridade relativa dispensam o comércio de
armas com os EUA, uma das suas grandes fontes de rendimento, ou têm abundantes
reservas do apetitoso petróleo...
É o caso daqueles
que estão na mira dos serviços secretos estadunidenses, caso da Venezuela, país
cuja situação de pobreza extrema e crise interna aguda, tem as maiores reservas
petrolíferas do mundo, e do Irão, país igualmente petrolífero, cujo acordo assinado
com os múltiplos aliados dos EUA para a paragem do seu programa nuclear, foi
cancelado unilateralmente por Donald Trump e já levou à expectável resposta do estado
visado, o retomar o referido programa agora com a construção da bomba atómica,
quando não havia qualquer prova de deter “armas de destruição maciça como Trump
afirma.
Repete assim
Trump as falsas declarações que, antes dele, conduziram à guerra do Iraque, e cujas
consequências mais gravosas levaram ao incremento do terrorismo global que hoje
assola vastas regiões e países, eclodindo também na União Europeia que
nitidamente odeia, devido a uma prosperidade, nalguns casos relativa, mas,
mesmo assim, um competidor económico poderoso, cuja moeda faz frente ao dólar, e
cuja indústria não faz má figura, antes pelo contrário, perante os States.
Também se retirou
do acordo de Paris sobre as alterações climáticas, teimando estupidamente na
sua não existência, apesar dum crescendo de catástrofes naturais que também
atingiram gravemente o seu país.
Este autismo cego
soma-se às suas características do empresário ganancioso que era antes da sua
controversa eleição, que se mantiveram e exacerbaram ao tornar-se,
teoricamente, o homem mais poderoso do mundo. Teoricamente, porque as actuais
superpotências já referidas, lhe levam a melhor economicamente e estão bem
armadas, fazendo frente às suas tentativas de controlo através das suas
repetidas sanções, intercaladas por algum diálogo, imposto pelas
circunstâncias.
O grande problema
deste “original presidente”, reside em que tenta canalizar a sua agressividade
contra os mais fracos da sociedade, os imigrantes da América Latina, os negros
seus concidadãos, as mulheres e os seus direitos…
Por outro lado, a
sua política externa contribui, de dia para dia, para a escalada nuclear e o
retomar de uma Guerra Fria, “fria” por enquanto, mas que recorda a tristemente
famosa crise nuclear de Cuba nos anos 60 de século XX.
Nessa altura, os
dirigentes dos países em confronto, deram mostras de bom senso, detendo a
ameaça atómica. Neste momento, há todas as condições para ser retomado o stress
provocado pelo perigo de vida que essa ameaça constitui para uma série de populações,
os estadunidenses incluídos, e todo o planeta, que pode conduzir à guerra
global, dado que Trump não possui qualquer réstia de bom senso.
Penso que a única
esperança do mundo para erradicar esses perigos, reside na destituição deste
ditador de meia tijela, perfeitamente capaz de, numa crise de ansiedade ou numa
simples birra, carregar no famoso botão vermelho.
E, depois dele, o
Dilúvio!