sábado, 20 de julho de 2019



VOLTAMOS À BOMBA ATÓMICA?

Carlos Rodarte Veloso

"O Templário, 18 de Julho de 2019

A eleição de Donald Trump foi e é motivo de grande preocupação no mundo inteiro, dadas a sua instabilidade e agressividade, para não falar dos inúmeros defeitos que nele transparecem, mormente as suas mentiras obsessivas, o seu racismo, machismo, xenofobia, total ausência de escrúpulos e confrangedora ignorância em todos os capítulos, sendo a defesa do ambiente e as alterações climáticas o mais importante, visto delas depender na própria vida na Terra.
A sua eleição e o apoio de que ainda goza no seu país, reside numa população rural, do interior, tradicionalmente reacionária a todo o progresso e maioritariamente isolacionista. O seu retrato mais expressivo pode ser encontrado no famoso quadro de Grant Wood, “Gótico Americano”, cuja personagem principal, um “redneck”, armado com um agressivo tridente, não por acaso a arma do Demónio, estranha nas mãos de um alegado cristão fundamentalista, assim se equiparando aos fundamentalistas islâmicos…



Empresário alegadamente de sucesso, a sua reconhecida ganância transvasa do seu governo, e acaba por agredir qualquer país que ouse sair da mediania e não lhe renda vassalagem.
De facto, o actual presidente dos EUA, se não fosse o relativo travão exercido pelo Congresso e pela oposição Democrata, já teria provavelmente declarado guerra a um de vários países que ele considera inimigos preferenciais a quem atribui, sem quaisquer provas, a posse de armas de destruição maciça.
Não é o caso da Coreia do Norte, inicialmente considerada especialmente perigosa, dado possuir mísseis balísticos com crescente raio de acção e armados com ogivas nucleares, mas a estranha diplomacia de Washington acabou por “fazer as pazes” com o ditador do país, na mira de este se tornar, no futuro e com o desejado fim da sua ditadura – mas não da de Trump – uma enorme fonte de rendimento.
No entanto, a instabilidade de Trump revela altos e baixos na sua relação com outros países, esses verdadeiramente poderosos a todos os níveis e que agem como competidores dos Estados Unidos, caso, entre outros, da China e da Rússia.
Apesar das suas farroncas, o agressivo ocupante da Casa Branca não se mete com esses gigantes, em parte por cobardia, em parte decerto pelo conselho dos seus cada vez mais reduzidos apoiantes, que têm evitado uma escalada de agressões, por enquanto “apenas” económicas, mas com um horizonte incendiado pelo perigo de uma guerra global.
O seu ódio, hipocritamente disfarçado de boa vontade, faz uma “simpática” excepção em relação à União Europeia, que o seu porta-voz oficioso, caixeiro-viajante da intriga, Steve Bannon, tenta minar de todas as formas, incrementando a criação ou o reforço de partidos populistas de tendência fascista e a sua vitória eleitoral, enfraquecedora dos objectivos primordiais da mesma, ou seja, o incremento em todos os estados membros, da ideologia democrática. O Brexit, por exemplo, nitidamente incrementado pelo mesmo agente, afastou assim da unidade europeia, um dos seus mais poderosos membros. “Dividir para reinar” é mesmo o primeiro dos seus objectivos.
No entanto os seus alvos preferenciais são estados militarmente emergentes ou em crise interna, que, apesar da sua inferioridade relativa dispensam o comércio de armas com os EUA, uma das suas grandes fontes de rendimento, ou têm abundantes reservas do apetitoso petróleo...
É o caso daqueles que estão na mira dos serviços secretos estadunidenses, caso da Venezuela, país cuja situação de pobreza extrema e crise interna aguda, tem as maiores reservas petrolíferas do mundo, e do Irão, país igualmente petrolífero, cujo acordo assinado com os múltiplos aliados dos EUA para a paragem do seu programa nuclear, foi cancelado unilateralmente por Donald Trump e já levou à expectável resposta do estado visado, o retomar o referido programa agora com a construção da bomba atómica, quando não havia qualquer prova de deter “armas de destruição maciça como Trump afirma.
Repete assim Trump as falsas declarações que, antes dele, conduziram à guerra do Iraque, e cujas consequências mais gravosas levaram ao incremento do terrorismo global que hoje assola vastas regiões e países, eclodindo também na União Europeia que nitidamente odeia, devido a uma prosperidade, nalguns casos relativa, mas, mesmo assim, um competidor económico poderoso, cuja moeda faz frente ao dólar, e cuja indústria não faz má figura, antes pelo contrário, perante os States.
Também se retirou do acordo de Paris sobre as alterações climáticas, teimando estupidamente na sua não existência, apesar dum crescendo de catástrofes naturais que também atingiram gravemente o seu país.
Este autismo cego soma-se às suas características do empresário ganancioso que era antes da sua controversa eleição, que se mantiveram e exacerbaram ao tornar-se, teoricamente, o homem mais poderoso do mundo. Teoricamente, porque as actuais superpotências já referidas, lhe levam a melhor economicamente e estão bem armadas, fazendo frente às suas tentativas de controlo através das suas repetidas sanções, intercaladas por algum diálogo, imposto pelas circunstâncias.
O grande problema deste “original presidente”, reside em que tenta canalizar a sua agressividade contra os mais fracos da sociedade, os imigrantes da América Latina, os negros seus concidadãos, as mulheres e os seus direitos…
Por outro lado, a sua política externa contribui, de dia para dia, para a escalada nuclear e o retomar de uma Guerra Fria, “fria” por enquanto, mas que recorda a tristemente famosa crise nuclear de Cuba nos anos 60 de século XX.



Nessa altura, os dirigentes dos países em confronto, deram mostras de bom senso, detendo a ameaça atómica. Neste momento, há todas as condições para ser retomado o stress provocado pelo perigo de vida que essa ameaça constitui para uma série de populações, os estadunidenses incluídos, e todo o planeta, que pode conduzir à guerra global, dado que Trump não possui qualquer réstia de bom senso.
Penso que a única esperança do mundo para erradicar esses perigos, reside na destituição deste ditador de meia tijela, perfeitamente capaz de, numa crise de ansiedade ou numa simples birra, carregar no famoso botão vermelho.
E, depois dele, o Dilúvio!

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