TURISMO DEPOIS DA PESTE
Carlos Rodarte Veloso
“O Templário”, 23 de Abril de 2020
Enquanto aguardamos uma vacina contra o coronavírus, vai-se preparando, paulatinamente como deve ser, o recomeço da actividade económica do País, de modo a evitar a precipitação da abertura a todo o custo, pelas implicações que a mesma poderá ter numa recaída sanitária catastrófica.
Sendo o comércio externo e o turismo as actividades que maiores dividendos prestam a Portugal e maiores vantagens prestam no combate ao desemprego, a praga dentro da praga, esta constatação exige o rearranque da produção industrial, evidentemente sujeita à parafernália de cuidados recomendados desde o início da pandemia.
Quanto ao turismo, a actividade que maior quantidade de empregos garante e aquela que mais contribui para o nosso prestígio internacional e o florescimento de maior diversidade de actividades, o seu regresso em força, decerto lento mas seguro, deveria obedecer a um conjunto de regras que evitassem o regresso a um conjunto de situações que principalmente enriqueceram um empreendorismo ganancioso que, a par das vantagens tão publicitadas, afastou dos grandes centros populacionais grande parte da sua população, preferindo-lhe uma invasão de turistas estrangeiros cujo maior poder económico tornou os portugueses mais estrangeiros que eles próprios dentro da sua pátria.
Não apenas o mercado de arrendamento imobiliário criou situações dramáticas para os nossos compatriotas, incapacitados de se manter nas suas residências originais, como o próprio emprego nos estabelecimentos de hotelaria e restauração se tornou manifestamente exploratório, com salários baixíssimos e condições de trabalho penosas a um ponto insuportável.
Tudo isto é bem conhecido pelas suas consequências sociais, mas a pandemia que nos aflige está agora a afligir muitos milhares de proprietários gananciosos que não hesitaram em despejar os seus antigos inquilinos, para em seguida dividir os andares devolutos em módulos destinados a albergar todo o estrangeiro endinheirado disposto a ocupar esses espaços vendidos ou alugados a preços milionários.
A aflição destes senhorios vai decerto obrigá-los a procurar de novo inquilinos de mais modestas posses o que constitui, nestes tempos pestíferos uma espécie de justiça poética… já diz o povo, na sua sabedoria, que quem tudo quer, tudo perde!
Além das consequências socioculturais de actual situação, aspectos há, no turismo, que exigem um repensar da continuação da sua actividade do ponto de vista legislativo, desde a interdição de massas caóticas de turistas nas nossas cidades, que acabam por as roubar aos seus naturais, à multiplicação de cruzeiros nos nossos portos, ao excesso de tráfego aéreo, poluente e prejudicial à vida humana.
É tudo uma questão de equilíbrio: permitir o lucro da actividade turística, mas sem esquecer o factor humano em causa, mas também o factor cultural.
As autênticas multidões que nos invadem devem ser orientadas para uma maior dispersão no nosso território, de forma serem criadas, se necessário, quotas de ocupação do espaço que protejam o nosso património, tanto construído, como natural.
Estas preocupações decerto serão resolvidas com o tempo, porque parece-me que tempo é o que não falta, dada a demora na criação de uma vacina para o coronavírus. Mas seria bom aproveitar esta pausa concedida à recuperação da natureza, já visível na diminuição da poluição em todas as latitudes.
Teremos então uma nova oportunidade para legislar a favor da humanidade e do ambiente, corrigindo as terríveis assimetrias socioculturais e económicas que têm transformado este maravilhoso planeta num inferno e não regressando ao caos capitalista que imperava nos últimos dias… ainda apenas a uns meses de distância…
Sendo o comércio externo e o turismo as actividades que maiores dividendos prestam a Portugal e maiores vantagens prestam no combate ao desemprego, a praga dentro da praga, esta constatação exige o rearranque da produção industrial, evidentemente sujeita à parafernália de cuidados recomendados desde o início da pandemia.
Quanto ao turismo, a actividade que maior quantidade de empregos garante e aquela que mais contribui para o nosso prestígio internacional e o florescimento de maior diversidade de actividades, o seu regresso em força, decerto lento mas seguro, deveria obedecer a um conjunto de regras que evitassem o regresso a um conjunto de situações que principalmente enriqueceram um empreendorismo ganancioso que, a par das vantagens tão publicitadas, afastou dos grandes centros populacionais grande parte da sua população, preferindo-lhe uma invasão de turistas estrangeiros cujo maior poder económico tornou os portugueses mais estrangeiros que eles próprios dentro da sua pátria.
Não apenas o mercado de arrendamento imobiliário criou situações dramáticas para os nossos compatriotas, incapacitados de se manter nas suas residências originais, como o próprio emprego nos estabelecimentos de hotelaria e restauração se tornou manifestamente exploratório, com salários baixíssimos e condições de trabalho penosas a um ponto insuportável.
Tudo isto é bem conhecido pelas suas consequências sociais, mas a pandemia que nos aflige está agora a afligir muitos milhares de proprietários gananciosos que não hesitaram em despejar os seus antigos inquilinos, para em seguida dividir os andares devolutos em módulos destinados a albergar todo o estrangeiro endinheirado disposto a ocupar esses espaços vendidos ou alugados a preços milionários.
A aflição destes senhorios vai decerto obrigá-los a procurar de novo inquilinos de mais modestas posses o que constitui, nestes tempos pestíferos uma espécie de justiça poética… já diz o povo, na sua sabedoria, que quem tudo quer, tudo perde!
Além das consequências socioculturais de actual situação, aspectos há, no turismo, que exigem um repensar da continuação da sua actividade do ponto de vista legislativo, desde a interdição de massas caóticas de turistas nas nossas cidades, que acabam por as roubar aos seus naturais, à multiplicação de cruzeiros nos nossos portos, ao excesso de tráfego aéreo, poluente e prejudicial à vida humana.
É tudo uma questão de equilíbrio: permitir o lucro da actividade turística, mas sem esquecer o factor humano em causa, mas também o factor cultural.
As autênticas multidões que nos invadem devem ser orientadas para uma maior dispersão no nosso território, de forma serem criadas, se necessário, quotas de ocupação do espaço que protejam o nosso património, tanto construído, como natural.
Estas preocupações decerto serão resolvidas com o tempo, porque parece-me que tempo é o que não falta, dada a demora na criação de uma vacina para o coronavírus. Mas seria bom aproveitar esta pausa concedida à recuperação da natureza, já visível na diminuição da poluição em todas as latitudes.
Teremos então uma nova oportunidade para legislar a favor da humanidade e do ambiente, corrigindo as terríveis assimetrias socioculturais e económicas que têm transformado este maravilhoso planeta num inferno e não regressando ao caos capitalista que imperava nos últimos dias… ainda apenas a uns meses de distância…