O INSUPORTÁVEL PESO DA IGNORÂNCIA
Carlos Rodarte Veloso
“O Templário”, 23 de Julho de 2020
O acesso universal às redes sociais tem contribuído para dar uma falsa ideia da literacia das massas que as utilizam, tanto para opinar sobre a generalidade dos temas abordados, como para uma falsa noção de igualdade dos conhecimentos, que pode equiparar qualquer utente, tenha ele um curso universitário, ou apenas noções básicas – e quantas vezes erróneas – da leitura e da sua interpretação.
Este acesso, que varia de país para país, acaba por ser manipulado, nos regimes ditatoriais, com a “simples” censura ou, mais vulgarmente, com a repressão da liberdade de expressão através sua vigilância através de diversos meios de controlo que alterarão ou, simplesmente, anularão toda a opinião considerada “subversiva” ou, em última análise, o direito de comunicar quaisquer ideias.
Nos países democráticos, como Portugal, onde tais instrumentos repressivos são inaceitáveis – pelo menos teoricamente – assistimos a uma catadupa de opiniões acerca de tudo e mais alguma coisa, dando origem à possibilidade de vários autores repetirem, com nomes diferentes, as mesmas opiniões, acabando por iludir a opinião pública sobre o peso das mesmas.
A esta manipulação política, capaz de alterar os próprios resultados eleitorais, fenómeno dia a dia mais denunciado até a nível internacional, soma-se a confusão aflitiva entre as fontes credíveis baseadas na Ciência, e as opiniões perfeitamente disparatadas acerca de assuntos seriíssimos e há muito tempo estudados, que vão da utilização de vacinas e outros medicamentos – assunto actualmente candente e vital! – às ideias sobre a evolução das espécies, à própria forma da Terra, às interpretações da História Universal, aos problemas ecológicos, nova linha da frente para a sobrevivência da Humanidade…
E enquanto as opiniões se dividem, muitas vezes por mero capricho dos “especialistas” a soldo dos média, que tudo parecem saber, agora crismados de “tudólogos”, somos submersos por uma massa infindável de opinantes que sem sequer ler mais do que os títulos dos artigos, os mimoseiam com “gostos”, “risos”, expressões de “ódio”, etc. decerto não pela concordância com as suas “teses”, mas… porque assim dão a falsa ideia de dominar assuntos de que muitas vezes não fazem a mais pequena ideia.
É ridículo “brilhar” pelas aparências, mas é tão antigo como a espécie humana…
Vanitas vanitatum et omnia vanitas…