ENQUANTO ESPERAMOS
Carlos Rodarte Veloso
“O Templário”, 9 de Julho de 2020
Enquanto esperamos que a Ciência encontre a vacina ou, no mínimo, um tratamento eficaz para neutralizar o vírus que pôs a nossa vida de pernas para o ar, aos altos e baixos vamos aguentando, não “apenas” os efeitos da pandemia, os óbitos incluídos, claro, mas também o contágio galopante, os internamentos, a parafernália de efeitos secundários, de que ainda não conhecemos a totalidade, a par do impacto catastrófico na economia e, assim na vida de massas crescentes de trabalhadores que tendem, cada vez mais, para o desemprego … para miséria pura e simples.
A tudo isto acrescenta-se a tragédia que atinge milhões de migrantes, internados em condições dramáticas em campos de refugiados, que nada mais oferecem do que a “esperança” de uma sobrevivência cada vez mais penosa e desumana, uma “sobrevivência” nas fronteiras da morte.
A esperança na Ciência é sem dúvida a única que nos resta, já que todos os simulacros de medicamentos ou outras práticas, invasivas ou não, homeopáticas até, nascidos da imaginação mágica de séculos de ignorância e superstição, ressurgem agora com a máxima força, proporcionando uma ilusória segurança que não corresponde a nada de concreto, excepto – e isso é gravíssimo! – o descrédito da investigação pura e, assim, o seu aparente descrédito face a “soluções” baseadas apenas na fé supersticiosa em placebos, mais conceituados quando de origem oriental, mas sempre e sempre, fracasso garantido.
As novas religiões agora na moda, especialmente no continente americano, com os seus gurus multimilionários, controlam multidões a quem vendem gato por lebre, ultrapassando as religiões tradicionais tanto na adesão de massas pagantes politizadas que apoiam tudo quanto é irracional, desde a recusa da vacinação, sob os mais inconcebíveis pretextos, até à simples recusa de transfusões, fazendo assim recuar a própria Civilização para os estádios mais primitivos.
Cinzentas entidades políticas aproveitam esse domínio para promover os seus líderes e conquistar as massas ignorantes para o apoio a velhos sistemas que pretendem ressuscitar, como está a acontecer no Brasil de Bolsonaro, apoiante de uma nova ditadura militar, enquanto algo de semelhante se desenvolve nos Estados Unidos de Trump e numa série de países espalhados pelo mundo.
Denominador comum destas potências em crescimento, o negacionismo face às alterações climáticas, a agressividade económica contra todas as potências rivais, e o desinteresse revelado face à própria pandemia que a todos atinge pesadamente…
E, entretanto, vamos esperando!
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