sábado, 15 de agosto de 2020


DESTRUIÇÃO MACIÇA
Carlos Rodarte Veloso
“O Templário”, 13 de Agosto de 2020
“Beirute e as armas de destruição maciça à espreita na próxima esquina da incúria”, seria um belo título para a terrível explosão registada há dias no porto de Beirute, com o seu cortejo de vítimas e a destruição da bela capital do Líbano, o velho país de comerciantes e navegadores que na Antiguidade se chamava Fenícia.
No entanto, tratou-se, não de uma explosão nuclear, mas da “simples” reacção química de várias toneladas de nitrato de amónio, composto químico salino usado na agricultura, há vários anos depositado sem controlo, em armazéns do porto de Beirute.
Ou seja, um fertilizante, que decerto também existia no Iraque de Saddam Hussein, como aliás em todos os países intervenientes, poderia ter servido de móbil muito mais consistente para o ataque norte-americano de 2003 àquele país, do que as anunciadas “armas de destruição maciça” que, afinal, se comprovou nunca terem existido…
O ridículo do apoio dos “aliados” às “teses” de Bush não poderia ser maior do que a vergonha que arrastou para cima dos subservientes lacaios dos EUA, Portugal inclusive, na pessoa do seu então Primeiro-ministro, Durão Barroso.
O problema é que o dito nitrato dificilmente poderia ser classificado como “arma”, como acontece com os depósitos de gasolina, gás butano, e outros combustíveis, líquidos ou gasosos de que dependem as economias de todo o mundo, todos eles fortemente explosivos.
Curioso é o facto do Presidente do Líbano, depois do choque manifestado perante as terríveis explosões que lhe destruíram a capital, e da sua alegada e firme decisão de abrir um inquérito impiedoso às responsabilidades pelo ocorrido, vir agora ventilar uma hipótese de a catástrofe ser, não acidental, mas motivada por um atentado através de um míssil ou de uma bomba, abandonando assim a tese do acidente, e embarcando numa hipótese apenas defendida, até então, pela reconhecida argúcia do presidente dos EUA…
Claro que a população de Beirute revolta-se nas ruas, exigindo a demissão do governo, sendo de imediato reprimida impiedosamente pelas forças policiais.
O presidente do Líbano promete agora eleições antecipadas e assistimos à impotência de uma população carente de todos os bens essenciais, sobrevivendo agora num mar de ruínas, e dependente apenas das promessas de um governante inconstante, que tenta desesperadamente salvar a face!

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