O ULTIMATO DE UM EMBAIXADOR POUCO DIPLOMÁTICO
Carlos Rodarte Veloso
“O Templário”, 8 de Outubro de 2020
Portugal bem
esgrimiu um hipotético direito histórico – “arqueológico” no dizer dos ingleses
– devido às Descobertas, que acabou por ser humilhantemente ignorado, visto o
referido território do Mapa Cor-de-Rosa, que unia Angola à Contracosta –
Moçambique – interferir com o programa imperial do Reino Unido, apadrinhado por
Cecil Rhodes, que pretendia utilizar esse enorme espaço geográfico para unir
por um ferrovia contínua o Cairo – protectorado britânico – com a Cidade do
Cabo.
Da ferrovia o
plano acabou no esquecimento devido aos enormes obstáculos físicos e económicos
a tal empreendimento, mas as consequências políticas da rendição portuguesa ao
poder britânico saldaram-se num profundo descontentamento social, na ascensão
republicana, na criação do nosso Hino Nacional, na falhada revolução de 31 de
Janeiro de 1891 e, em última análise, no regicídio e na implantação da
República em 1910.
Agora, em pleno
século XXI, a superpotência que agora substitui o Reino Unido no domínio do
planeta, os Estados Unidos da América, pela mão do inacreditável Donald Trump e
do seu embaixador em Lisboa, George Glass, lança descaradamente a Portugal uma
bofetada equivalente, ao pretender obrigar o nosso País a afastar a empresa
chinesa Huawey da expansão da tecnologia 5G, assim suplantando a sua
concorrência com as grandes empresas norte-americanas do sector, sob pena de
retaliações económicas sobre a “influência maligna” da China.
Independentemente
de outras considerações, nomeadamente das pressões já efectuadas pelos EUA
sobre os nossos aliados da União Europeia, a coação sobre Portugal parece tão mais
humilhante, que o nosso ministro Santos Silva acabou por responder à letra às
ameaças bem musculadas de Glass, respondendo que “em Portugal, as decisões são
tomadas pelas autoridades competentes”, legalmente e à margem de quaisquer
pressões externas.
Portugal
portar-se-á “bem”, não de acordo com o medo, como Trump evidentemente pensa
tudo conseguir, mas no concerto da nossa União e de acordo com os interesses
europeus.
O tempo dos
diktat acabou com Hitler… ou continua pela História dentro?
Sem comentários:
Enviar um comentário