segunda-feira, 9 de julho de 2018



UM TORNEIO MEDIEVAL NA

FORMAÇÃO DE PORTUGAL

Carlos Rodarte Veloso

“Correio Transmontano”, 8-7-2018

            Um torneio medieval próximo de Arcos de Valdevez, nas margens do rio Vez, provavelmente no ano de 1137, levou à Paz de Tui entre Portugal e Leão e contribuiu para o reconhecimento de D. Afonso Henriques como nosso rei no Tratado de Zamora de 1143 e, mais tarde, para o reconhecimento internacional da nossa independência, em 1179, pela bula “Manifestis probatum” do papa Alexandre III.
            Este torneio foi a solução encontrada pelas forças portuguesas e leonesas, para evitar um sangrento confronto entre os dois exércitos, depois de uma incursão do nosso primeiro rei em terras da Galiza.

Arcos de Valdevez, Escultura de José Rodrigues (Foto. C.Veloso)

            Na verdade, um choque entre os dois exércitos cristãos levaria a um enfraquecimento dos mesmos, pondo assim em perigo o seu papel na protecção do território já reconquistado aos Muçulmanos e no prosseguimento da reconquista da Península Ibérica.
            Acordado o recontro, de acordo com as estritas regras medievais da Cavalaria, foi o mesmo travado entre os melhores cavaleiros de ambas as nações. A vitória dos Portugueses entregou os vencidos nas suas mãos, como reféns, evitando-se assim, sabiamente, um inútil derramamento de sangue.
            Testemunho artístico deste recontro, um notável painel de azulejos do conhecido artista Jorge Colaço, na estação dos caminhos-de-ferro de S. Bento, no Porto, instalado em 1916.

Porto, Estação de S.Bento, azulejos de Jorge Colaço, 1916

            Na vila de Arcos de Valdevez, em cujos arredores se travou o torneio, foram instaladas, precisamente na Avenida Recontro de Valdevez, as esculturas em bronze de dois cavaleiros simbolizando os dois exércitos, da autoria do escultor José Rodrigues, falecido em 2016. Estas estátuas são consideradas as melhores obras de sua autoria.
            Um padrão em pedra, inaugurado fora da vila, em 1940 – aniversário das comemorações de Independência de Portugal – por Duarte Pacheco, então ministro das Obras Públicas, foi trazido para esta avenida, assim se associando ambos os monumentos a este importante evento.

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