quinta-feira, 26 de março de 2020



O VÍRUS ASSASSINO E A UNIDADE NACIONAL
Carlos Rodarte Veloso
“O Templário”, 26 de Março de 2020

Têm sido ouvidos com êxito os apelos de governantes e cientistas para unir as forças da Humanidade em torno da defesa da nossa sobrevivência face à ameaça invisível de um micro-organismo, mais um entre tantos os que, desde tempos imemoriais, têm assombrado e enlutado a nossa espécie.
Mas agora, passado o período arcaico das “explicações” das epidemias através do “castigo dos deuses” ou de misteriosos “miasmas” que infectariam os nossos organismos, podemos finalmente estudá-los, compreendê-los, e combatê-los com êxito.
Por isso, apesar das naturais falhas devido ao imprevisto da invasão do coronavírus, os diversos países do mundo, entre os quais Portugal, aprendendo uns com os outros, têm coordenado esforços para lutar pela nossa sobrevivência, ultrapassando aparentemente insanáveis diferenças políticas e programando medidas, por um lado para combater esses agentes patogénicos, por outro para salvar a economia à beira de uma crise arrasadora.
A indispensável unidade nacional não pode ser hipotecada a atitudes de fanatismo partidário, como o que é fomentado por diversos meios de comunicação social, não apenas os mais marginais, associados a redes sociais fanatizadas pela extrema-direita, mas também programas muito populares na própria televisão oficial, caso da “Sexta-Feira às 9”, que Sandra Felgueiras transformou num autêntico libelo permanente contra o governo, dando sistematicamente preferência a todas as críticas, das mais demolidoras, à sua política, actuação e aos próprios governantes.
A quase total ausência de contraditório que caracteriza este programa televisivo, nestes tempos em que a própria declaração do estado de emergência deveria impor uma atitude mais construtiva e positiva em relação às medidas tomadas para salvaguardar o futuro do nosso País, apela, não a uma atitude de unidade nacional para debelar a crise, mas ao pessimismo mais sombrio, sendo vincados apenas os erros, os defeitos de quaisquer medidas tomadas pelo governo, mesmo que perfeitamente compreensíveis dadas as circunstâncias.
Não se vai para uma Guerra, que é o caso presente, com as tropas desmoralizadas, já derrotadas à partida. António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa bem caracterizaram a situação: É a nossa própria sobrevivência que está em causa. Sem de forma alguma defender qualquer forma de censura, exijo um comportamento minimamente imparcial por parte dos órgãos de comunicação social, mormente quando são pagos pelos nossos impostos!

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