A MALDADE NO PODER
Carlos Rodarte Veloso
“O Templário”, 14 de Maio de 2020
Está
a tornar-se um verdadeiro lugar-comum a identificação de um número crescente de
ditaduras instaladas nos lugares de Poder em tantos países da Terra, mas esse
fenómeno sinistro começa a espreitar, qual “ovo da serpente” também no nosso
país.
A
arma dessa gente, violentamente contrária toda e qualquer conquista da parte
das massas exploradas, são agora as redes sociais, que ampliam aparentemente a
expressão dessas ambições, assinando milhares e milhares de posts com
identificações falsas que sugerem o apoio de massas inexistentes e que vão dar
uma ideia completamente falsa de adesão por parte de percentagens totalmente
falsas de aderentes.
Esse
truque, fomentado por forças ligadas às camadas mais poderosas financeiramente,
dão a ideia de um apoio popular totalmente fictício.
Chamando
as coisas pelos nomes, a Esquerda é confrontada com os “likes” de gente
aparentemente desfavorecida, não propiamente pela fortuna, mas pela inteligência,
organizada em grupos de ignorantes, apoiados e financiados por igrejas
evangélicas que oferecem o mesmo show-off que levou ao poder gente como Trump,
mesmo com menos votos que a sua directa opositora, ou Bolsonaro, esse sim,
apoiado pela imensa miséria da gente pobre e ignorante do Brasil, cuja lavagem
aos cérebros se somou, mais uma vez, à gigantesca operação de desinformação levada
a cabo através do elogio da sangrenta ditadura que antecedeu o domínio do PT,
diabolizado através da mais fantástica campanha de mentiras algumas vez
desenvolvida neste século.
Fake
news que também deram o Poder, quase fifty-fifty a Boris Johnson, aproveitando
o consabido nacionalismo britânico e os pretensos malefícios de uma Europa,
afinal não tão má assim…
De
outros países poderia falar mas, no que nos toca, estes são mais do que
suficientes para reintroduzir um tema que se vai tornando cada vez mais
preocupante, mormente com o efeito de contágio das ideias de extrema-direita
que vão gradualmente invadindo outros governos europeus, um pouco como a
infecção do corona vírus.
O
nosso Portugal sofre agora um ataque directo desferido por uma espécie de
partido, o “Chega” de André Ventura, que se revê no salazarismo e nas
“saudosas” políticas hitlerianas do confinamento étnico, primeira fase de um
apartheid que levou à perseguição aos Judeus, à sua identificação através de
emblemas, a sua desclassificação social e internamento em campos de
concentração, em ordem à “Solução Final” eufemismo para o Holocausto!
Como
bem sabemos, os Judeus foram as suas maiores vítimas em termos numéricos, mas
também os Ciganos, minorias religiosas e sexuais, e partidos políticos de
Esquerda os acompanharam na deportação e nos campos de extermínio.
Vem
agora André Ventura, do alto da sua arrogância racista propor o mesmo “remédio”
para os Ciganos portugueses, provocação a que respondeu, e muito bem, o nosso
internacional Quaresma, cigano ele próprio, que se mediu do alto da sua
dignidade, “simplesmente humana”, com este espécime lamentável de troglodita.
Não
é nem será a última vez que a História da Humanidade se confrontará com este
tipo de ameaças. Mas estejamos atentos e não minimizemos os perigos que mais
uma vez espreitam o nosso perigoso trajecto.
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