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Primárias
As
próximas eleições primárias no Partido Socialista serão, seja qual for o seu
resultado, uma iniciativa que dificilmente deixará de ter consequências futuras
na vida da nossa democracia. E nem é tanto pelas figuras em presença, muito
menos por se tratar de uma fórmula existente noutros países, especialmente nos
Estados Unidos da América, nem sequer pelas expectativas que o actual
secretário-geral do PS, seu promotor, nelas punha.
Bem
ou mal, os outros partidos dificilmente deixarão de considerar as vantagens e
desvantagens eleitorais que esta novidade poderá constituir e também o perigo
de, por comparação, serem considerados “menos democráticos” se não lhe seguirem
o exemplo.
Seja
como for, o confronto já existia antes destas anunciadas Primárias, e ele
dar-se-ia em quaisquer circunstâncias. No entanto, o seu anúncio por António
José Seguro, sendo as mesmas aceites pelos órgãos do PS, não legitima qualquer
ataque a um adversário que nelas participe, para mais apodendo-o de “traição” e
outros mimos.
A
manifesta paciência de Costa perante as injúrias e o “muro de lamentações” de
um muito in-Seguro opositor, a sua fuga à demagogia fácil de promessas a longo
prazo, o rigor das respostas dadas, parecem indicar um legítimo vencedor.
A
descarada manobra eleitoralista de pôr mortos a votar ou de tirar o direito de
voto nas Distritais aos militantes que mais recentemente regularizaram as quotas do PS, parecem muito
mal. Vitórias de Secretaria, diz-se no futebol. E a quem acusa Costa e os seus
apoiantes de dividirem um partido vencedor, recordo que há vitórias e vitórias.
As
vitórias de Pirro, como muito correctamente foi classificado o resultado das
Eleições Europeias, é mais um prémio de consolação do que a solução que
ambicionamos. É apenas o caminho aberto ao compromisso. Não ao compromisso,
muitas vezes inevitável, de unir diferentes vozes, mas vozes próximas, numa
aliança harmónica para o bem comum, mas à união contanatura dos predadores e
das presas.
Quem
se contenta com isto, não é o tipo de governante de que necessitamos neste
momento extremo da nossa História. Se os outros partidos socialistas europeus
tiveram piores resultados que o nosso, se calhar isso deve-se mais ao governo
tão extraordinariamente mau que nos “governa” do que à excelência da Oposição.
Carlos
Rodarte Veloso