ASSUNÇÃO E ÁGUA BENTA,
CADA UM TOMA A QUE QUER
Carlos Rodarte Veloso
(“O Templário”, 12 de Outubro de 2017)
Enquanto o PSD lambe as feridas do combate
autárquico em que comprometeu irremediavelmente algum resto de prestígio que
ainda pudesse conservar, os outros derrotados assumem atitudes diametralmente
opostas em relação ao seu caso particular:
Assunção Cristas, cujos votos
decresceram desde as últimas eleições, grávida da transferência de votos de que
beneficiou em Lisboa à custa dos erros de Passos Coelho e seus apoiantes,
dançou e deu espectáculo na noite eleitoral, com os seus jovens apoiantes,
enquanto a “isenta” comunicação social afecta à Direita, a coloca – quase! –
como a verdadeira vencedora destas Autárquicas em que a vitória do Partido
Socialista é de tal forma indesmentível!
E já vimos claramente, na sua
atitude perante as forças políticas com que virá a conviver, uma atitude de
arrogância e de paternalismo – ou maternalismo? – de quem se considera já o
eixo do mundo autárquico português! É ridículo, eu sei, mas a táctica de negar
as derrotas à custa de “verdades alternativas” já há muito tempo, mesmo antes
das famosas “teorias” de Donald Trump, mesmo antes de Adolf Hitler e de Joseph Goebbels,
sempre surtiram o efeito pretendido, isto é, transformar os derrotados em
virtuais vencedores.
De facto, a “vitória” dos vencidos
tem sido um divertido “fait divers” que tem acompanhado a maior parte dos
balanços eleitorais. Curiosamente, Jerónimo de Sousa, que desde sempre
apresentou os resultados da CDU como “avanços” significativos na luta a favor do
povo português, nunca como derrotas, e apesar de superar largamente o número de
autarquias conquistadas pelo CDS, apresenta-se como “derrotado” devido à perda
de câmaras municipais e juntas de
freguesia que justifica, atenção(!), como erro crasso dos eleitores que, diz
ele, virão a arrepender-se deste seu erro fatal. E o despeito é tanto, que dias
depois assaca a assumida derrota a uma suja campanha de difamação conduzida
pelo PS!
Devo dizer que não fiquei com a
menor ideia de uma tal campanha. Pelo contrário, as declarações pós-eleitorais
de António Costa de forma alguma misturam o PCP com o desastre da Direita,
antes mostrando um grande respeito e consideração pelo partido de Jerónimo de
Sousa, que continua a considerar como aliado e imprescindível à Democracia,
assim como ao Bloco de Esquerda, também não propriamente um vencedor nestas
eleições.
Mas as coisas são como são, e o
regresso da época dos fogos vai devolver algum fôlego a uma Direita exangue,
sempre pronta a embarcar na demagogia e na mentira, se isso parecer dar-lhe
alguns dividendos políticos.
Sem comentários:
Enviar um comentário