UMA IGREJA
ROMÂNICA NO ALTO MINHO: BRAVÃES
Carlos Rodarte Veloso
(“Correio Transmontano”, 8 de Outubro de 2017)
Praticamente inexistentes a sul do Tejo, o que se explica por a sua construção ter terminado em finais do século XII, quando o grande rio foi atravessado em definitivo pela Reconquista cristã, as igrejas românicas serão substituídas, no século seguinte, por uma nova concepção arquitectónica, o Gótico.
As principais características dos edifícios religiosos românicos variam conforme a sua implantação se faça no meio urbano, ou no rural. Em qualquer dos casos, são caracterizadas pelo uso do arco romano de volta inteira, quer nas portas , quer nas janelas, integrando arcos concêntricos a que se chamou arquivoltas e uma extraordinária robustez das suas muralhas. Herdeiras da basílica, edifício romano destinado a actividades não religiosas, podem ter uma ou várias naves, contendo assim um considerável número de frequentadores. Essa mesma característica explica a sua adopção como templo cristão.
As principais características dos edifícios religiosos românicos variam conforme a sua implantação se faça no meio urbano, ou no rural. Em qualquer dos casos, são caracterizadas pelo uso do arco romano de volta inteira, quer nas portas , quer nas janelas, integrando arcos concêntricos a que se chamou arquivoltas e uma extraordinária robustez das suas muralhas. Herdeiras da basílica, edifício romano destinado a actividades não religiosas, podem ter uma ou várias naves, contendo assim um considerável número de frequentadores. Essa mesma característica explica a sua adopção como templo cristão.
As igrejas urbanas, de maior dimensão, geralmente protegidas pelas muralhas da vila ou cidade onde se situam, são igrejas matriz ou catedrais, consoante a sua importância, dispensando o aspecto defensivo das fortalezas medievais, embora as suas aberturas, em forma de estreitas frestas, dificulte também o seu acesso a partir do exterior.
Nas igrejas rurais, geralmente afastadas de um povoado fortificado, a sua construção aposta exactamente na autosuficiência em termos defensivos: rarefacção de aberturas, geralmente situadas nos pontos mais altos do edifício, contrafortes maciços reforçando a solidez dos muros, sólidos portões chapeados a ferro ou bronze, menor dimensão.
Se há bons exemplos desta tipologia em território português, a Igreja de S. Salvador de Bravães, próxima de Ponte da Barca, é um dos melhores. De uma só nave, a sua forma paralelipipédica, a escassez de aberturas e a solidez das paredes contribuem para ser uma autêntica fortaleza em território inseguro. Aqui, perante uma possível invasão, os habitantes locais encontrariam um refúgio, pelo menos provisório, enquanto aguardavam o desfecho dessas frequentes guerras privadas que ensombraram a Alta Idade Média.
Nada disso impediu a fruste tentativa dos seus construtores, situados entre os séculos XI e XII, de curarem a sua estética e os aspectos doutrinais da decoração, o que é sublinhado pela riqueza de pormenores iconográficos dos três portais da igreja e dos capitéis de colunas interiores.
Logo na porta principal, o respectivo tímpano apresenta um Cristo
Pantocrator rodeado da “mandorla”, a “amêndoa mística”, rodeado de duas
personagens que têm sido interpretadas como anjos ou como os apóstolos Pedro e
Paulo. Nos colunelos que rodeiam o portal, além de macacos, serpentes e outros
animais ao tempo considerados diabólicos, o anjo Gabriel em frente de Maria,
representando a Anunciação.
No portal norte, uma representação da Árvore da Vida, ladeada por dois
animais. A sul, o portal do Agnus Dei, representando Cristo na sua forma de
Cordeiro sacrificial.
Como sempre acontece, um edifício secular como este não poderia deixar de
ser recheado posteriormente por outras obras de arte, nomeadamente pinturas. As
que sobraram do envio de um fresco representando o orago, Jesus Cristo Salvador
do Mundo e de diversas pinturas levadas para o Museu Nacional de Arte Antiga,
são uma Nossa Senhora com o Menino e um Martírio de S. Sebastião, que têm sido
datadas, conforme os estudiosos, do século XIV ao XVI, além de decoração
padronizada ainda não estudada. Também motivo de interesse é uma pia baptismal
cilíndrica.
Por todos os
motivos, esta jóia rústica do nosso património das origens da Nacionalidade
merece ser conhecida, protegida e reintegrada com o seu recheio primitivo.
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