quinta-feira, 4 de abril de 2019



PARAÍSO PERDIDO NOS ANTÍPODAS

Carlos Rodarte Veloso

4 de  Abril de 2019

            O atentado fascista perpetrado há dias na Nova Zelândia, causando quase meia centena de vítimas mortais e outros tantos feridos, tendo como alvo duas mesquitas, parecia ter retirado àquela belíssimo país o estatuto de último “paraíso na Terra”, exemplo de tolerância religiosa e racial e de ausência exemplar do discurso do ódio a que, infelizmente, nem o nosso Portugal tem sido imune.
            Multiplicadas que têm sido as medidas anti-imigração decretadas por chefes de estado que poderemos classificar como protofascistas, especialmente visando muçulmanos em fuga das guerras no Médio Oriente ou latino-americanos em busca de liberdade política ou, em ambos os casos, de melhores condições de vida, é muito gratificante que, ao invés de construir novos muros de vergonha, haja países que defendem consequentemente o multiculturalismo e a tolerância dentro das suas fronteiras, apesar dos poderosos lobbies de sentido contrário.
            Por isso é refrescante a acção da primeira-ministra Jacinda Arden, primeiro que tudo apresentando pessoalmente a sua solidariedade às vítimas nos próprios locais da chacina, identificando-se simbolicamente com a respectiva crença através do lenço islâmico com que cobriu a cabeça, ao mesmo tempo que nega ao assassino a propaganda que a sua pública identificação lhe daria; em segundo lugar proibindo o comércio das armas de fogo com características militares, até agora ainda permitidas naquele país, embora em bem maiores restrições do que nos paraísos deste negócio da morte, como o são os Estados Unidos e passará a ser o Brasil, se as medidas prometidas por Bolsonaro forem cumpridas.
            Sendo assim, esta jovem governante surge em contracorrente com os sinistros exemplos de Trump, Bolsonaro, Órban, Salvini, Duterte e outros menos notórios já no poder nos respectivos estados, muito claramente simpatizantes dos totalitarismos do século passado.
Que ela e os dirigentes mundiais que se mantém fiéis aos valores democráticos se unam para combater os miseráveis fundamentalismos que ameaçam o nosso mundo. Livre ainda?





Sem comentários:

Enviar um comentário