A TORRE DE HÉRCULES NA CORUNHA
Carlos Rodarte Veloso
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O FAROL-TORRE DA CORUNHA//Por Carlos Rodarte Veloso
A cidade de A Coruña, bem no norte da Galiza, tem como principal atracção o velho farol romano denominado Torre de Hércules, convertido em fortaleza e torre de vigia.
É precisamente o farol-torre que se vai converter no ex-libris da cidade e parte central do seu brasão (Fig.1), enquanto rolam os séculos e A Corunha participa em acontecimentos que mudariam o mundo. É daqui que partem, em 1588, os 130 navios de guerra da Invencível Armada, prova das ironias da História e cuja destruição passaria para as mãos da Inglaterra o domínio dos mares. É aqui que o corsário Francis Drake, na sua acção de represálias contra os povos peninsulares, se vê obrigado a retirar perante resistência da cidade, chefiada por Maria Pita, heroína nacional da Galiza. É ainda aqui que tem lugar uma das mais dramáticas batalhas contra as tropas napoleónicas invasoras, a batalha de Elviña, em que Soul afoga num banho de sangue a resistência galega. Terra de resistência, volta a notabilizar-se durante as revoluçõas liberais do século XIX, ao lado dos revoltosos, sempre sofrendo pesadas represálias.
Mas regressemos à Torre de Hércules, o mais procurado símbolo da Corunha (Fig.2), construída no local onde a lenda descreve a luta vitoriosa de Hércules contra o gigante Gerión, tirano daquelas terras. Da sua altura actual de 49 metros, alguns acrescentados ao longo dos tempos, era uma réplica mais modesta, mas mesmo assim imponente, do desaparecido Farol de Alexandria, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo. Contudo não foi o farol dedicado a Hércules, mas ao deus Marte, prova de que o seu nome actual só mais tarde foi atribuído. Para além do seu interesse histórico e arqueológico, proporciona um excelente mirante para muitas milhas de Oceano em redor.
Adicionalmente, a Torre constitui um motivo suplementar de interesse para nós, Portugueses: foi construído por um arquitecto luso-romano, de nome Sérvio Lupo, natural de Aeminium, a nossa Coimbra do tempo dos Romanos. A atestá-lo a lápide dedicada a Marte, exposta na base do monumento e que representa um ex-voto (Fig.3):
MARTI / AVG SACR / G SEVIVS / LVPVS / ARCHITECTVS / AEMINIENSIS / LVSITANVS EX VO (AO SAGRADO MARTE AUGUSTO CAIO SERVIO LUPO ARQUITECTO LUSITANO DE AEMINIUM EX VOTO)
MARTI / AVG SACR / G SEVIVS / LVPVS / ARCHITECTVS / AEMINIENSIS / LVSITANVS EX VO (AO SAGRADO MARTE AUGUSTO CAIO SERVIO LUPO ARQUITECTO LUSITANO DE AEMINIUM EX VOTO)
Memória de um tempo em que os destinos da Galiza estavam solidamente ligados aos do seu vizinho do Sul, que viria a chamar-se Portugal.
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