quinta-feira, 7 de setembro de 2017




A “UNIVERSIDADE” DOS DESPEITADOS E DOS CANDIDATOS AOS BELOS TACHOS 
Carlos Rodarte Veloso 
(“O Templário”, 7 de Setembro de 2017)

A tristemente famosa “Universidade de Verão do PSD”, instituição de veraneio para jovens aspirantes a um futuro na política nacional, foi a Castelo de Vide exibir as suas “estrelas”, isto é, os “professores”, quer do PSD, quer “independentes”, numa demonstração assustadora daquela “competência” a que o povo português se tem habituado, desde o governo de Passos Coelho.



Uma Universidade a sério deveria manifestar algumas exigências, seja do carácter científico, seja de isenção mínima no que respeita às análises dos conteúdos e à sua defensabilidade, de forma a contribuir para a formação académica dos seus alunos.
Pois não vimos nada disso nas “lições” ministradas naqueles dias, antes assistimos a uma parafernália de “argumentos” que conduziam sistematicamente à condenação de todas as políticas de esquerda levadas a cabo desde o início do governo da António Costa, tanto nos países europeus que combateram a austeridade, como especialmente em Portugal.
Mais do que isso, o principal foco de todos os ataques residiu na análise do Verão escaldante em que, sistematicamente, os principais – e únicos – culpados apontados da vaga incendiária seriam os membros do governo socialista e as erradas políticas seguidas pelos mesmos. Isto sem que fosse apontada a mínima responsabilidade aos cortes brutais no ordenamento da floresta e nos meios de combate aos incêndios levados a cabo pelo governo laranja, desde sempre... Foi esta a noção de imparcialidade na análise da realidade que os dirigentes “universitários” comunicaram aos seus “alunos”!
Além das “vedetas” da política laranja, juntaram-se ainda na vila alentejana uns adoráveis bouquets de “socialistas”, confessos adversários das políticas de esquerda do actual governo, como Sérgio Sousa Pinto que, com fintas de qualidade quase futebolística, driblaram todos os argumentos que os classificariam como puros e simples oportunistas, a “virar as casacas”, porventura com aspirações semelhantes às dos jovens que aí foram procurar o “lastro teórico” para as suas desejáveis carreiras.
Além dessas “avis raras” que tanto jeito dão neste tipo de situações, poderia citar laranjinhas indefectíveis como Paulo Rangel, sempre agressivo q.b. em relação ao socialismo, mas a principal “estrela” que iluminou a noite alentejana foi sem dúvida Cavaco Silva, que se deslocou desde o rochedo situado no fim do mar, onde assombrava de vez em quando os nautas que por aí passavam bombardeando-os com os capítulos mais pesados do seu primeiro livro de “memórias”.
E aí o temos, orgulhosamente apresentado por Passos Coelho aos seus “alunos”, como o coelho que ele próprio tira da sua cartola... Um coelho a apresentar outro coelho, e assim sucessivamente, até à construção de uma verdadeira “matrioska”, uma pavorosa “matrioska”, digna imagem do “mostrengo que está no fim do mar”...
E que nos traz de novo esta avantesma, surgida das brumas pegajosas de mares tormentosos? A condenação – adivinhem – das erradas políticas socialistas de François Hollande e de Alexis Tsipras que, na sua abalisada opinião, prova a “tese” de que “a realidade tira o tapete à ideologia”, título parcial da sua “lição” com que assim abriu os horizontes às jovens criaturas que aí foram buscar a luz que ainda lhes faltava. Enriquecidos com tão preciosos ensinamentos, os jovens “alunos”poderão agora exibir belos diplomas de doutoramento capazes de fazer inveja ao próprio Miguel Relvas.
Mas o mestre do despeito e da falta de educação que sempre foi Cavaco Silva, não deixou de lançar algumas farpas ao seu sucessor, Marcelo Rebelo de Sousa e ao primeiro ministro António Costa. Foi mais forte do que ele!
As respostas destes, bastante educadas e contidas, marcam uma diferença abismal em relação a este eterno ressabiado, porventura ainda a mastigar a grossa fatia de bolo-rei com que se engasgou num belo dia em que o seu escasso neurónio não encontrou resposta a uma pergunta simples posta por um jornalista.
Agora, senhor de uma melhor argumentação de puro requinte científico, brincou com o seu finíssimo sentido de humor, com “aqueles que ainda piam” mas não teriam qualquer credibilidade, referindo-se às tão exploradas “cativações” do governo de António Costa...
E o resto? É, simplesmente, pio!

Sem comentários:

Enviar um comentário