NEGAR A EVIDÊNCIA PARA VIVER TRANQUILO ATÉ AO FIM
Carlos Rodarte Veloso
"O Templário", 7 de Fevereiro de 2019
O presidente Trump, como tantas almas simples que o elegeram e os muitos milhões que o seguem beatamente pelo mundo inteiro, batem o dente sob as negativíssimas temperaturas que os Estados Unidos têm experimentado nos últimos dias, nomeadamente os 30 graus negativos de Chicago e os 54 do Dacota do Norte registados na manhã do passado dia 30.
No entanto, as previsões dos cientistas são ainda mais aterradoras, embora para os negacionistas das alterações climáticas eles não passem de terroristas, apostados em atacar as fontes de riqueza do punhado de multimilionários que mantém teimosamente a exploração dos recursos mais poluentes do planeta e se recusam a inverter esta tendência suicidária, no pouco tempo que lhes resta… no pouco tempo que NOS resta, sob pena de os sobreviventes, “eles”, evidentemente, poderem contar ainda com confortáveis bunkers climatizados e abastecidos de todas as coisas boas da moribunda civilização que sugaram até ao tutano, quais vampiros de Zeca Afonso, ATÉ AO FIM!
Claro que toda a população mundial sente, mais ou menos esta inverno polar, mas é a América do Norte a mais atingida, mormente os Estados Unidos que são, poeticamente, os principais responsáveis, aliás impenitentes pelas gravíssimas alterações climáticas que, tudo indica, vieram para se perpetuar, ora nos máximos, ora nos mínimos das temperatura, provocando fenómenos cada vez mais violentos e sempre extremos.
Só não o vê quem se recusa a retirar a cabeça da areia e as últimas declarações de Donald Trump, publicitadas através da sua forma preferida de comunicação com o mundo, o twitter, “aproveitam”, aliás tão “inteligentemente” como é seu apanágio, a maré, e levam-no a ironizar: “Nos próximos dias espera-se que fique ainda mais frio. Que inferno está a acontecer com o Aquecimento Global? Por favor, volte depressa que precisamos de si!”
O imediatismo do pretenso líder do mundo é manifesto, no mesmo nível com que os antigos viam o Sol a girar à volta da Terra, ou os deuses a provocar terramotos, ou a “terra plana”, ou outro disparate qualquer.
Segundo os cientistas, terá sido o aquecimento repentino do Pólo Norte provocado por uma frente quente vinda de Marrocos no mês de Setembro, que dividiu o vórtice polar – que rodeia a estratosfera junto ao Pólo Norte – deslocando-o para o sul dos Estados Unidos. Tal como no caso da aparente rotação do Sol à volta da Terra, não podemos confiar inteiramente nos sentidos. Dizia Shakespeare, de forma alguma antagonista da Ciência, pela boca de Hamlet, dirigindo-se a Horácio "Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a tua vã filosofia"
Esta frase com 418 anos de idade, convite à reflexão e, muito antes de Descartes, à dúvida metódica, mete no bolso todos os “raciocínios” saloios deste exemplar paleolítico que, em pleno século XXI, se ridiculariza a si próprio, como é próprio dos asnos, sem ofensa para os simpáticos burricos.
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