O PRIMEIRO 1º DE MAIO
Uma
“tão simples reivindicação” – hoje considerada perfeitamente normal - como o
foi a exigência da jornada de trabalho
de 8 horas, incendiou aquele dia 1º de Maio de 1886, em Chicago, durante a
greve geral convocada pela 4ª Conferência da Federação dos Trabalhadores dos Estados Unidos da América e do Canadá.
Nesse dia 5.000 greves alastraram pelos dois países atingindo mais de 125.000
trabalhadores.
Mas
o patronato, com a cumplicidade activa do governo, reprimiu selvaticamente as
manifestações, recorrendo, ora à polícia, ora a agentes provocadores fortemente
armados que lançaram bombas sobre as multidões, criando o caos total. Este
crime foi imputado aos principais dirigentes sindicais, logo presos, julgados e
condenados à morte.
Enforcados
dias depois, foram mais tarde reconhecidos como inocentes e glorificados como os “Mártires de Chicago”. Foi a sua acção intrépida que deu
origem à comemoração anual do Dia Internaconal do Trabalhador, desde então
sempre celebrado nesta data.
Mas
não em todos os países: apenas naqueles que aderiram às reivindicações então
defendidas pelos trabalhadores, os países democráticos de todo o mundo, e
naqueles que ideologicamente se declaravam estados operários, concretamente as
repúblicas populares do Leste da Europa e da Ásia, e Cuba.
Só em
1890, as Associações Operárias portuguesas aderiram às
comemorações do 1º de Maio, sendo depois proibidas pela ditadura do Estado
Novo, simpatizante dos regimes
fascistas e nazi e, como tal, proibindo o movimento sindical independente e impondo
o corporativismo das classes sociais e a sua aliança contra natura.
Na
sequência do 25 de Abril de 1974, no 1º de Maio, este foi finalmente celebrado em Portugal, representando
a maior concentração de massas humanas da nossa História, em todas as grandes
cidades. Só em Lisboa contou com a participação de cerca de 1 milhão de
manifestantes, do que dão testemunho as fotografias e filmes então obtidos. Foi
o momento máximo de unidade nacional em torno dos direitos dos trabalhadores,
mas também dos direitos humanos. Esse ideal enfraqueceu com o inevitável
desgaste de um tempo difícil em que as divisões entre os trabalhadores acabaram
por se sobrepor à unidade desse momento único.
Mas
o ideal de unidade não foi esquecido: aqui e ali, hoje mesmo no nosso País, as
divisões são superadas pelo desejo do bem comum, e os rivais aliam-se como em 1886,
para enfrentar a exploração capitalista. Com algumas ressalvas, é bem verdade, mas quem disse que o
mundo é perfeito?
IMAGENS: “O
Quarto Estado”, pintura de Volpedo, 1901 e “O 1º de Maio de 1974 em Lisboa”
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