sexta-feira, 30 de dezembro de 2016


CORFU, A ILHA DOS FEACES
Publicado n’O Templário de 29 de Dezembro de 2016

            Situada no norte do Mar Jónio, Corfu – ou Kerkira – foi a ilha grega  mais disputada entre as diversas potências que sucessivamente a ocuparam, sendo dominantes a influência veneziana, francesa e inglesa expressas ainda hoje, respectivamente, nos numerosos relevos representando o Leão de S. Marcos, em alguma arquitectura urbana e na estatuária.
Corfu é uma cidade bonita, mas o que me deslumbra é a baía que se abre em frente, espectacular e azul como nunca vi, e azuis também as montanhas e montanhas que nascem do mar, na outra margem, já na Albânia, esbatidas em tons cada vez mais ténues, até que a névoa esbate as mais distantes. É essa a impressão que me ficou da Grécia, de encantos velados pela bruma da distância, o relevo agreste duma terra escura, pontuada por casas brancas e por oliveiras, oliveiras, oliveiras… Do céu vi-lhe a ossatura vigorosa, espraiada até aos confins do horizonte, coluna vertebral das criaturas destruídas nos últimos assaltos dos deuses olímpicos ao domínio dos Céus. Como Zeus a veria, do alto das nuvens, pronto a desferir os seus raios tonitruantes. O resto são baías, estreitos, cabos, enseadas, recortes e recortes, ilhas e o mar que tudo penetra: dorsos de monstros marinhos emergindo das águas, com as suas cristas e rugosidades, rochas e alguns vales verdes, canais e lagoas marinhas, com ilhotas no meio, ligadas por línguas de areia que tudo transformam num labirinto líquido, aqui, onde nasceu o Labirinto e a chave para o percorrer, as Asas de Dédalo, e tudo o que nos povoa a imaginação e a vida…

                Estou, literalmente, no ar, em plena Odisseia… Sobrevoo Corfu, a Ilha dos Feaces, a Ítaca de Ulisses e, agora, a Grécia continental, a pensar no génio grego que domou a terra áspera e nos ensinou a Pensar.


Corfu - Fortificações


Corfu - Rua e igreja de S. Spiridon


Corfu - Frutaria

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