CORFU, A ILHA DOS FEACES
Publicado n’O Templário de 29 de Dezembro de 2016
Situada no norte do Mar Jónio,
Corfu – ou Kerkira – foi a ilha grega
mais disputada entre as diversas potências que sucessivamente a
ocuparam, sendo dominantes a influência veneziana, francesa e inglesa expressas
ainda hoje, respectivamente, nos numerosos relevos representando o Leão de S.
Marcos, em alguma arquitectura urbana e na estatuária.
Corfu é uma cidade
bonita, mas o que me deslumbra é a baía que se abre em frente, espectacular e
azul como nunca vi, e azuis também as montanhas e montanhas que nascem do mar,
na outra margem, já na Albânia, esbatidas em tons cada vez mais ténues, até que
a névoa esbate as mais distantes. É essa a impressão que me ficou da Grécia, de
encantos velados pela bruma da distância, o relevo agreste duma terra escura,
pontuada por casas brancas e por oliveiras, oliveiras, oliveiras… Do céu vi-lhe
a ossatura vigorosa, espraiada até aos confins do horizonte, coluna vertebral
das criaturas destruídas nos últimos assaltos dos deuses olímpicos ao domínio
dos Céus. Como Zeus a veria, do alto das nuvens, pronto a desferir os seus
raios tonitruantes. O resto são baías, estreitos, cabos, enseadas, recortes e
recortes, ilhas e o mar que tudo penetra: dorsos de monstros marinhos emergindo
das águas, com as suas cristas e rugosidades, rochas e alguns vales verdes,
canais e lagoas marinhas, com ilhotas no meio, ligadas por línguas de areia que
tudo transformam num labirinto líquido, aqui, onde nasceu o Labirinto e a chave
para o percorrer, as Asas de Dédalo, e tudo o que nos povoa a imaginação e a
vida…
Estou,
literalmente, no ar, em plena Odisseia… Sobrevoo Corfu, a Ilha dos Feaces, a
Ítaca de Ulisses e, agora, a Grécia continental, a pensar no génio grego que
domou a terra áspera e nos ensinou a Pensar.
Corfu - Fortificações
Corfu - Rua e igreja de S. Spiridon
Corfu - Frutaria
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