GRAVURAS ANIMADAS DO PALEOLÍTICO EM FOZ CÔA
Carlos Rodarte Veloso
"Correio Transmontano", 24 de Janeiro de 2017
A ideia de que os remotos artistas das cavernas teriam criado uma espécie de “desenhos animados” pintados ou gravados na rocha já não é uma novidade, porque há cerca de 20 anos que o arqueólogo francês Marc Azéma, ao estudar pinturas rupestres de animais da gruta de Chauvet (Ardèche, Sul da França) verificou que “os artistas representavam imagens animadas e não fixas [...] com sequências sucessivas e um sentido de leitura, como na banda desenhada ou no cinema dos nossos dias”.
Num osso representando em três imagens uma leoa em corrida, descoberto na gruta francesa de Lascaux, com a idade de 14 a 12 000 anos, o felídeo é representado em sequência, numa mesma direcção, sugerindo os fotogramas de um filme, assim decompondo as diversas fases do movimento.
Num osso representando em três imagens uma leoa em corrida, descoberto na gruta francesa de Lascaux, com a idade de 14 a 12 000 anos, o felídeo é representado em sequência, numa mesma direcção, sugerindo os fotogramas de um filme, assim decompondo as diversas fases do movimento.
O aprofundamento da sua pesquisa às grutas de Niaux no Ariège veio ao encontro das teses antes elaboradas por Azéma e levou a conclusões mais ainda espectaculares quando, para além de outras imagens sugerindo movimento como, por exemplo, animais com 8 patas sugerindo corrida, ou cavalos cujas cabeças e caudas “se agitam”,
foram detectados pequenos medalhões em osso, representando animais que, feitos girar em torno de um fio tendinoso, cria a ilusão de óptica de um animal em movimento rápido. Esse dispositivo, reinventado em 1825 e chamado “thaumatropo” é um directo antepassado do cinema.
Entretanto, outros exemplos rupestres foram encontrados na Cantábria, nas grutas de Altamira, mas foi nas gravuras de Foz Côa que os exemplos se multiplicaram, nos seus 17 quilómetros de vestígios repartidos por 50 núcleos de arte rupestre, na maioria datadas do Paleolítico Superior, muitas delas anteriores aos exemplos franceses indicados, como a cabra gravada na rocha 3 da Quinta da Barca, cuja cabeça está orientada em duas direcções diferentes, sugerindo o movimento da cabeça do animal.
Entretanto, outros exemplos rupestres foram encontrados na Cantábria, nas grutas de Altamira, mas foi nas gravuras de Foz Côa que os exemplos se multiplicaram, nos seus 17 quilómetros de vestígios repartidos por 50 núcleos de arte rupestre, na maioria datadas do Paleolítico Superior, muitas delas anteriores aos exemplos franceses indicados, como a cabra gravada na rocha 3 da Quinta da Barca, cuja cabeça está orientada em duas direcções diferentes, sugerindo o movimento da cabeça do animal.
Os exemplos abundam em Foz Côa, como com a gravura de um cavalo presente na rocha da Penascosa, “abanando a cabeça”, movimento sugerido por três posições da respectiva cabeça.
Em grande número, as gravuras de Foz Côa “em movimento”, datadas de há cerca de 18 000 anos, são um exemplo supremo da importância desta descoberta, inicialmente tão sobranceirmente ignorada, quando não vilipendiada como “fraude” pelos arqueólogos franceses, ciosos do seu velho “domínio” sobre os estudos arqueológicos.
Hoje Património da Humanidade, as gravuras de Foz Côa iniciaram um novo capítulo no estudo da Arte Pré-Histórica, ultrapassando todas as barreiras do preconceito pró-gaulês e abrindo caminho a novas interpretações, tanto quanto possível aproximadas da realidade histórica.
Hoje Património da Humanidade, as gravuras de Foz Côa iniciaram um novo capítulo no estudo da Arte Pré-Histórica, ultrapassando todas as barreiras do preconceito pró-gaulês e abrindo caminho a novas interpretações, tanto quanto possível aproximadas da realidade histórica.
Lascaux - Leoa em movimento |
Niaux - Cavalo em movimento |
Foz Côa - Cavalo vira a cabeça
Foz Côa - Cavalos sobrepostos |
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