sábado, 21 de abril de 2018




EDIFÍCIOS CIVIS RENASCENTISTAS DE TOMAR 
2. OS RAIMUNDO DE NORONHA E A SUA HERANÇA
Carlos Rodarte Veloso

“O Templário”, 19 de Abril de 2018


"Continuação de “Urbanismo e Arquitectura Civil de Tomar na Época da Expansão”


Nas imediações do anterior edifício foi construído, em 1540, o Palácio dos Raimundos de Noronha, família nobre que desempenhou importante papel na vida política tomarense entre os séculos XVI e XIX.
Era uma grande edificação que dava para a Rua de Maria Dona, depois Rua da Palmeira — precisamente em homenagem à grande árvore que se erguia no jardim do palácio —, hoje Rua D. Aurora de Macedo…
Deste certamente belo edifício, fica-nos o testemunho das ruínas da casa, “completamente desfigurada”, no dizer de Vieira Guimarães: “A sua grande varanda interior, de ornamentadas colunas e arquitraves, a sua bem lançada escadaria, o seu amplo pátio, que uma fonte enriquecida com seus bebedouros do gado de canga e de tiro […] os celeiros, adegas, cocheiras, estrebarias, etc., tudo mostrava que ali viveu família opulenta de bens e de altas qualidades de espírito estético.”
Demolido em 1918, foi construído, no seu lugar, o edifício da Empresa de Viação Tomarense que, na sua construção, teria aproveitado parte das velhas cantarias. As sucessivas construções modernas, em tijolo e cimento que ocuparam o seu lugar, já nada tinham que ver com o nobre edifício que desde o século XVI ocupava toda a esquina entre as actuais Ruas de Infantaria 15 e D. Aurora de Macedo… 
Contudo, as arquitraves da sua varanda que, segundo Figueiredo e Silva, eram “ornamentadas com frutos, carrancas, flores, etc.”, decoração decerto renascentista, foram reaproveitadas, segundo o mesmo autor, como parapeito do terraço do prédio Nº 3 da Rua de Gil do Avô, prédio hoje igualmente desaparecido, como desaparecidas foram as carrancas, os frutos e as flores!… E não fosse uma belíssima janela renascença de balaústres (Fig.1), hoje integrada na fachada da Casa do Turismo, nada restaria da antiga casa nobre.

(Foto de C. Veloso)

Sem comentários:

Enviar um comentário